Marte Perde sua Atmosfera para o Espaço

O vento e a radiação solar são responsáveis pela remoção da atmosfera marciana, transformando Marte de um planeta que poderia ter suportado vida, há bilhões de anos atrás, em um mundo desértico de acordo com novos resultados da nave espacial MAVEN da NASA revelados no final de março.
Os resultados da equipe de pesquisa revelaram que cerca de 65% do argônio que já esteve na atmosfera foi perdido para o espaço.
Em 2015, os membros da equipe MAVEN anunciaram que o gás atmosférico está sendo perdido para o espaço até hoje e descreveu como a atmosfera se esvai. A presente análise utiliza medições da atmosfera atual para estimar quanto gás foi perdido através do tempo.
A água no estado líquido, elemento essencial para a vida, não é estável na superfície de Marte hoje porque a atmosfera é muito fria e fina para contê-la. No entanto, evidências como características semelhantes a rios e minerais secos, que só se formam na presença de água líquida, indicam que o antigo clima marciano era muito diferente - suficientemente quente para que a água fluísse  na superfície por longos períodos.
"Esta descoberta é um passo significativo para desvendar o mistério dos ambientes passados de Marte", disse Elsayed Talaat, cientista do Programa MAVEN, na sede da NASA em Washington. "Em um contexto mais amplo, essa informação nos ensina sobre os processos que podem mudar a habitabilidade de um planeta ao longo do tempo".
Há muitas maneiras de um planeta perder parte de sua atmosfera. Por exemplo, as reações químicas podem bloquear o gás nas rochas de superfície, ou uma atmosfera pode ser corroída pela radiação ou um vento estelar da estrela-mãe de um planeta. O novo resultado revela que tanto o vento solar como a radiação foram responsáveis pela maior parte da perda atmosférica e o esgotamento foi suficiente para transformar o clima marciano. O vento solar é um fluxo fino de gás condutor elétrico que sopra constantemente para fora da superfície do sol.
O Sol primitivo emitia radiação ultravioleta e vento solar muito mais intensos, portanto a perda atmosférica por esses processos era provavelmente muito maior no passado de Marte.
É possível que a vida microbiana tenha existido na superfície de Marte, no início da sua história. À medida que o planeta esfriava e secava, a vida poderia ter sido conduzida ao subterrâneo ou forçada a raros oásis superficiais.
Jakosky e sua equipe obtiveram o novo resultado medindo a abundância atmosférica de dois diferentes isótopos de gás argônio. Os isótopos são átomos do mesmo elemento com massas diferentes. Uma vez que o mais leve dos dois isótopos escapa para o espaço, deixará o gás remanescente enriquecido no isótopo mais pesado. A equipe utilizou a abundância relativa dos dois isótopos medidos na atmosfera superior e na superfície para estimar a fração do gás atmosférico que foi perdida para o espaço.
Como todo gás nobre, o argônio não pode reagir quimicamente (a não ser em condições extremas), por isso não pode ter sido absorvido pelas rochas. O único processo que pode remover gases nobres no espaço é um processo físico chamado "pulverização catódica" pelo vento solar. Na pulverização catódica, os íons capturados pelo vento solar podem impactar Marte em altas velocidades e empurrar fisicamente o gás atmosférico no espaço. A equipe escolheu rastrear o argônio porque ele só pode ser removido por pulverização catódica. Uma vez que eles determinaram a quantidade de argônio perdido, puderam usar essa informação para determinar a perda por pulverização catódica de outros átomos e moléculas, incluindo dióxido de carbono (CO2).
O CO2 é de interesse dos cientistas, por ser o principal constituinte da atmosfera de Marte e por ser um gás eficiente de efeito estufa que pode reter calor e aquecer o planeta. "Nós determinamos que a maioria do CO2 do planeta também foi perdida para o espaço por pulverização catódica", disse Jakosky.
 
 
 
 
Para mais informações visitem http://www.nasa.gov/maven 
 

 

Fonte: https://www.nasa.gov/press-release/nasas-maven-reveals-most-of-mars-atmosphere-was-lost-to-space

Tradução livre: Dayana Seschini

Revisão: Equipe GOA