Drª. Tânia Dominici (MAST/MCTI-Brasil)

Bacharel com habilitação em pesquisa básica em Física, Mestre e Doutora em Astrofísica pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado na Universidade de São Paulo (IAG/USP), no Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL, Portugal) e no Laboratório Nacional de Astrofísica (MCT/LNA). Foi pesquisadora visitante na University of Bristol (UK). Possui uma especialização em Divulgação Científica. Pesquisadora Associada do MCTI, atualmente no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Mantém um blog sobre Poluição Luminosa (www.poluicaoluminosa.blogspot.com).
 
 

Palestra:

O céu noturno como museu: utilizando os conceitos de patrimônio como estratégia de proteção do direito à luz das estrelas

O céu noturno pode ser visto como um museu: possui uma privilegiada reserva técnica e acervo altamente organizado, sendo que os seus “objetos” (estrelas, planetas, a Lua, aglomerados, a Via Láctea...) são harmoniosamente distribuídos e expostos ao longo do ano. Neste museu não é incomum a apresentação de objetos raros (cometas, eclipses, trânsitos...), obtidos por empréstimo dos caprichos da Física e que marcam para todo o sempre a memória do público destas exposições temporárias. Os “objetos” do acervo são fartamente documentados e informações adicionais continuam a ser obtidas, graças aos contínuos desenvolvimentos tecnológicos associados à observação astronômica. Porém, o patrimônio que compõe o acervo desse peculiar museu está em risco: o descontrole no uso da iluminação artificial, provocando a chamada poluição luminosa, tem feito com que boa parte da população mundial perca a capacidade de apreciar um céu estrelado no local onde vivem. Nesta palestra pretendemos demonstrar que, ainda que o céu noturno não esteja por si só formalmente reconhecido em diversas instâncias oficiais como patrimônio natural ou cultural, ele já deveria estar sendo resguardado por fazer parte de sítios e saberes registrados, tombados ou candidatos a estes procedimentos de conservação e proteção. Tendo em vista a dificuldade para a articulação de legislações ou regulamentações de controle da iluminação artificial junto ao poder público, a abordagem referente à proteção do patrimônio natural ou cultural fortalece a demanda, uma vez que obriga a realização de ações urgentes para preservar o nosso acesso à deslumbrante observação do Universo.

 

Oficina:

Ferramentas para pesquisa e monitoramento da poluição luminosa

Neste minicurso vamos apresentar uma série de ferramentas e metodologias para que qualquer pessoa possa colaborar em pesquisas e no monitoramento da poluição luminosa. Em particular, discutiremos os vários projetos de ciência cidadã onde, através de aplicativos para dispositivos móveis e páginas na internet, é possível, por exemplo, realizar estimativas do brilho de fundo do céu, estimar populações de espécies animais afetadas pela poluição luminosa ou identificar cidades fotografadas à noite a partir do espaço. Adicionalmente, apresentaremos o uso da fotografia noturna como importante ferramenta de monitoramento da iluminação artificial e instrumento de conscientização popular acerca dos problemas causados pelo uso descontrolado da luz.